O “futebol de pressing”, assim chamado
pelo seu criador, Rinus Michels, consistia de um dispositivo tático cujo
objetivo era acuar intensamente o adversário para recuperar a posse de bola e
não ceder em nenhum momento a iniciativa de jogo ao mesmo, contando com dois
requisitos básico: espírito de luta inquebrantável e excelentes níveis de
preparação física. Segundo a definição do próprio Michels, o futebol de
pressing era “um sistema de jogo em que todos os jogadores no campo atacam todo
o tempo… ainda que não tenham a posse de bola!”
Ao utilizar-se do pressing busca-se tornar
o campo pequeno para o adversário, pressionando-o tanto em espaço como em
tempo. Prioritariamente, todos os espaços próximos à bola devem ser
racionalmente ocupados e as linhas de passe do adversário são suprimidas e este
se vê com um reduzido número de possibilidades, tudo isso é claro se o
“pressing” for bem realizado e muito bem sistematizado durante o processo de
treino.
O “pressing” segundo Amieiro (2005) é uma
ação coletiva defensiva de opressão sobre o portador da bola, sendo que esta
ação busca diminuir o tempo e espaço de ação do mesmo.
A questão coletiva passa a ser primordial
nessa ação, pois o estado de pressão imposto ao adversário depende de uma
ocupação inteligente e direcionada de todos os espaços necessários para que
isso ocorra.
Outro ponto importante citado pelo autor é
de que o “pressing” não deve ser feito apenas para impedir que o adversário
jogue, mas para que sua equipe jogue, por isso esta dever ter estratégias para
pressionar e dar sequência na jogada e não apenas pressionar, roubar a bola e
logo em seguida perdê-la, e isso obviamente também deve ser definido durante o
processo de treino.
A transição ofensiva e defensiva tem plena
relação com essa forma do time atuar.
Em se tratando de futebol de alto nível,
tem-se recriminado toda forma passiva de jogar e o “pressing” tornou o ato de
defender passivamente em um ato agressivo de jogar defensivamente, os espaços
então tornaram-se ainda mais escassos.
Essas formas de “pressing” têm aspetos
físicos específicos e são determinantes nos jogos, pois os jogadores devem
resistir durante os noventa minutos aos estímulos da partida e reagir da melhor
maneira possível conforme o modelo de jogo proposto pelo treinador.
Consideremos as seguintes variáveis:
- Espaço: refere-se à região ou setor do
campo em que a pressão deve iniciar ou ser realizada;
- Tempo: relaciona-se ao momento em que
deve-se iniciar a pressão, se na transição defensiva, nos passes para trás do
adversário, etc e;
- Referência: diz respeito ao elemento do
jogo que orientará a pressão, se a bola, o adversário ou um setor do campo, por
exemplo.
As três variáveis acima citadas são
essenciais para se compreender o ato de pressionar e o que o norteia. E,
independentemente da opção por este ou aquele referencial, a capacidade de
exercer pressing, ou seja, de gerar uma situação para o adversário que o
obrigue a decidir sob condições com maior dificuldade que o habitual, dependerá
do nível de compreensão que o grupo de jogadores que o aplica têm sobre o jogo.
Esses conhecimentos sobre a lógica do jogo
serão construídos dentro de um processo pedagógico de treino, com complexidade
crescente e sempre atuando dentro da zona proximal de conhecimento do grupo de
atletas.
Esse conceito foi criado e popularizado
pelo treinador holandês e ficou em evidência principalmente após a Copa do
Mundo de 1974 devido à excelente campanha que a seleção da Holanda realizou
durante aquele mundial.
Apresentando um futebol fantástico,
inclusive com a denominação de “Carrossel Holandês” pela alta rotatividade de
movimentações que a equipe demonstrava em campo, o “pressing” se tornou desde
então uma característica de equipas de alto nível, que vêem nessa forma de
jogar um meio para controlar e / ou dominar as partidas.
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