Um grupo não é, necessariamente, uma equipa. Uma equipa é um grupo de pessoas que interagem entre si com o propósito de alcançar um determinado objectivo comum; os membros de uma equipa dependem e suportam-se uns aos outros. Por sua vez, num grupo os indivíduos apenas partilham uma identidade comum, interdependência pessoal e/ou na tarefa e atracção pessoal (identificam-se em determinados aspectos da sua personalidade e estilos de vida).
A construção de uma equipa começa, obrigatoriamente, com um grupo de pessoas (todavia, volto a frisar, quando se junta um determinado número de pessoas, não existe uma equipa!). A partir da reunião de indivíduos com sentidos partilhados, devem iniciar-se as etapas de formação da equipa, pois só assim poderão ser formulados objectivos futuros.
Desta feita, a transformação de um grupo numa equipa passa por quatro estágios de formação, designadamente 1) formação, 2) resistência, 3) normalização e 4) rendimento (Modelo Forming, Storming, Norming, Performing). No primeiro estágio dá-se a familiarização entre os membros, a formação de relações interpessoais e o desenvolvimento da estrutura do grupo; na fase da resistência, os membros do grupo assumem alguma rebelião e resistência ao líder (treinador e/ou capitão), coexistindo alguns conflitos interpessoais; na fase de normalização denota-se alguma solidariedade, cooperação e desenvolvimento das relações e do grupo; no último estágio, o rendimento, a energia dos indivíduos/atletas é totalmente canalizada para o sucesso e performance do grupo (agora sim, equipa).
A passagem de fase para fase acontece naturalmente, tendo maior ou menor duração temporal mediante as características pessoais de todos os intervenientes no grupo. A estrutura do grupo depende da interacção dos seus membros, da forma como se percepcionam, e, das expectativas que têm uns em relação aos outros.
É imperativo que o treinador participe na criação de normas positivas, como, por exemplo, escolher e levar o capitão a dar o exemplo nos aspectos disciplinares. O treinador/líder tem a responsabilidade de criar um bom espírito de grupo e, para isso, tem de obedecer a alguns princípios: dar suporte social aos seus membros, criar um clima de proximidade, de distintividade e de justiça entre eles, utilizar liderança e similaridade.
Um obstáculo que se opõe, muitas vezes, à formação de uma equipa é a individualidade. Muitos pensam, de forma errónea, que uma “boa equipa” passa, apenas, por um conjunto de bons atletas, individualmente considerados. As habilidades individuais dos membros das equipas não são, geralmente, bons indicadores de desempenhos colectivos; ou seja, a soma das performances individuais não equivale ao rendimento da equipa. De facto, a equipa que tem os melhores jogadores, geralmente, ganha… se for bem treinada, se os seus jogadores forem bem integrados e motivados, e, essencialmente, se houver sintonia nos objectivos traçados. Desta forma, se existir disparidade de nível de capacidade entre os membros da equipa, haverá, naturalmente, uma maior dificuldade em se aproximar a produtividade da equipa ao seu real potencial.
Outro aspecto relevante para o bom desempenho de uma equipa é a coesão, isto é, a tendência que o grupo tem de se unir e permanecer unido na busca dos seus objectivos. Dentro da mesma equipa, os indivíduos podem apresentar coesão para a tarefa – quando os membros trabalham juntos para alcançar objectivos comuns – e coesão social – que reflecte a atracção interpessoal entre os elementos.
A satisfação da equipa, o apoio social, a estabilidade (permanência dos elementos) e os objectivos do grupo, são factores que aparecem sempre associados à coesão. A relação entre o desempenho da equipa e a coesão da mesma não é linear, pois, a performance exerce mais efeito sobre a coesão do que o inverso. A equipa fica mais ou menos coesa se ganha ou perde, respectivamente, no entanto, não alcança bons resultados apenas porque é coesa.
A coesão das equipas edifica-se transformando as adversidades/obstáculos em mais-valias, enaltecendo o papel dos atletas e mostrando-lhes que são eles que conferem dinâmica e sentido ao projecto em que estão inseridos.
O treinador deve preocupar-se em entender a equipa como uma unidade, colocando sempre o todo acima da soma das partes, isto é, mostrar aos seus atletas que o “eu” deverá aparecer sempre depois do “nós”. O espírito de grupo alicerça-se na diversidade de talentos, de opiniões, de formas de estar e ver o mundo, de personalidades, etc.; o importante é ser capaz de colocar toda a “variedade” ao serviço do colectivo.
«As estrelas só brilham no céu, e mesmo aí estão organizadas em grupo.»
quarta-feira, 28 de março de 2012
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