O comportamento do ser humano é
constituído por hábitos que, por um lado, nos ajuda a estabilizar as nossas
vidas, e por outro lado, cria barreiras na nossa evolução. Isto significa que,
quando nos habituamos a fazer algo, que implica fazer, e repetir várias vezes,
tornámo-nos especialistas nessa tarefa. Então, transferindo esta ideia para o
futebol, a periodização tática não serve para treinar a capacidade física geral
dos jogadores, porque isso não é necessário no jogo. Necessária sim, é a
capacidades físicas específicas, e não a geral. Além disso, a periodização
tática serve para treinar o comportamento dos jogadores, repetindo esses
comportamentos várias vezes em situações semelhantes, até que o cérebro de cada
jogador aprenda e mais tarde se habitue a jogar da forma como treinou. Através
da periodização tática, cuja filosofia se vai buscar fora da vertente tática
mas que treina essa vertente, é possível modelar a forma de jogar que queremos
para a nossa equipa, repetindo várias vezes os comportamentos que o nosso
modelo de jogo contém, enfrentando os comportamentos que a nossa equipa vai
encontrar.
Estratégias
para treinar ataques posicionais e ataques rápidos
É verdade quando afirmamos que o
ataque posicional e o ataque rápido têm os princípios de jogo tratados de forma
diferente. Se por um lado o ataque posicional requer que a bola seja cuidada,
com processos de jogo mais demorados, por vezes até complexos, os ataques
rápidos são processos ofensivos globalmente mais simples, normalmente com um
desgaste maior, com um número de ataques maior e com criação de mais oportunidades
de golo. Assim, baseando neste argumento, podemos traçar uma estratégia para os
ataques posicionais e outra para os ataques rápidos, sendo cada uma dessas
estratégias especialmente orientadas pela vertente psicológica. Cada uma das
estratégias será ideal para usar quando o treinador pretende criar alta
performance no rendimento dos atletas, criando hábitos de pensar e preparar o
jogo, assim como hábitos para se concentrarem no jogo. São duas entre dezenas
de estratégias possíveis para criar excelentes processos de jogo dentro de um
plantel.
Como
treinar o ataque posicional
Se o leitor pretende ter uma equipa
que ataca posicionalmente, uma excelente método será organizar a sua equipa num
jogo onde essa equipa simula que está a perder. Por exemplo, vamos dividir o
plantel em duas equipas, uma que vai fazer o ataque posicional como
pretendemos, e outra que vai servir de obstáculo, como único objetivo é
contra-atacar. Adicionando a isto, a equipa que ataca posicionalmente simula
que está a perder 1-0 e tem apenas 5 ou 10 minutos para, pelo menos empatar.
A condição do exercício é, quer a
equipa atacante queira ou não, será organizar o seu jogo, tanto para defender
como para atacar. Uma vez que a equipa contrária está pronta para contra-atacar,
o resultado é negativo e existe pouco tempo para recuperar esse resultado, que
felizmente é curto, o risco de perder a bola é muito elevado, pois isso indica
probabilidade de sofrer um golo, e caso isso aconteça, é muito provável a
equipa ficar a perder 2-0 e com isso ser incapaz de recuperar o resultado.
Quanto ao treinador, pede quais são os
processos que a equipa deve utilizar, quais são os jogadores responsáveis por
cada parte de um processo, e por aí adiante. A única condição é fazer a equipa
enfrentar outra equipa, que está a ganhar, e que pode resolver o jogo a
qualquer momento.
Para isso, precisa de se organizar,
ligar os vários setores, para que os jogadores responsáveis pelos processos
ofensivos possam atacar com liberdade, sabendo que estão protegidos se perderem
a bola. Estamos portanto, perante uma situação com pressão psicológica, onde os
jogadores são obrigados a afastar a pressão de um resultado negativo para se
reorganizarem como um todo para que então possam vencer uma partida complicada.
Mais tarde, este exercício pode ser evoluído para um resultado negativo com
diferença de golos maior, obrigando os jogadores a fazer mais de um golo e a
pensarem ainda mais depressa
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