Quando um treinador opta por um modelo de jogo para a sua equipa, tem
sempre várias condicionantes e referências para escolher uma forma de jogar
para a sua equipa. Uma dessas referências é o sistema tático que define o
posicionamento base dos jogadores. Quando o treinador atribui funções aos
jogadores e adiciona processos defensivos e ofensivos à equipa, automaticamente
está a implantar um modelo de jogo na equipa.
Por norma, o sistema tático 4-4-2 losango não é um sistema de
excelência na ocupação de espaços, mas é excelente para trocar a bola entre
várias zonas do campo. Se os médios estiverem bem posicionados e em
amplitude, existem inúmeras linhas de passe que são excelentes formas de
iniciar um ataque. Assim, é um bom sistema para efetuar saídas de jogo de
qualidade, seja por bola longa, subida das linhas ou troca de flanco.
Este
modelo de jogo será baseado em ataque rápido e movimentações dinâmicas, sem
nenhum ponta de lança fixo. A apresentação do modelo de jogo, isto
é, posicionamentos e movimentações será feita pelas fases do jogo descritas, das quais: saída de jogo, criação de situações de
finalização, finalização, equilíbrio defensivo, recuperação defensiva e defesa
propriamente dita.
Saída
de jogo
Quando a equipa parte desde o
primeiro setor com a bola controlada, o primeiro objetivo é posicionar a equipa
para recuperar imediatamente a bola. A bola parte sempre de um lateral, com
apoio do médio do mesmo lado que sobe e os restantes médios mantém a contenção
em frente à cobertura da linha defensiva, como na figura 1.
De preferência, a bola parte dos pés
do defesa lateral e este decide o que fazer com a bola. A equipa acompanha a
movimentação e decisão do defesa lateral e do médio do mesmo setor.
A primeira opção passa pelo
médio conduzir a bola ou arrancar para o ataque rápido. Se o adversário
pressionar estes dois jogadores, a segunda opção é trocar de flanco
imediatamente, seja através dos defesas ou médios, importando que seja pelo
chão. A terceira hipótese para o portador de bola, mesmo que esteja incluindo
um passe ao médio com devolução. A ideia é manter sempre a posse de bola. Por
último, o extremo contrário mantém-se sempre aberto para receber a bola através
do passe longo. O treino da saída de jogo deve incluir a tomada de decisão
neste sentido: Atacar, sem pressão, manter a posse de bola e sair em passe
longo.
Criação
de situações de finalização
Após a saída de jogo, o médio ou
o lateral tem a bola nos pés e tem a opção de passar para trás ou fazer a bola
progredir para a frente. Existem duas opções se a escolha é levar a bola em
frente: direcionar para o jogador alvo ou inverter o flanco. Se existe espaço
no corredor para direcionar a bola ao extremo posicionado para receber, o portador
da bola deve conduzir e passar ou passar imediatamente a bola.
Quando existe bastante espaço
para o extremo jogar, será uma grande vantagem para este tentar cruzar. Se não
houver muito espaço para cruzar ou se a situação não for conveniente para a
finalização, o extremo pode aproveitar as suas habilidades técnicas para
segurar a bola em busca e opções ou enquanto a equipa sobe no terreno. Esta
ação não deve demorar mais de três segundos. Se a equipa não consegue criar
situações favoráveis, deve tentar inverter a bola de flanco.
Criação de
situações de finalização (2)
Os restantes médios devem ser sempre
opções de passe seguras e evoluídos taticamente para trocar a bola de flanco
com eficácia. Quando o portador da bola não tem opções pela elevada pressão
causada pelo adversário, a opção é levar o objeto do jogo para onde existe
espaço livre, no flanco contrário. Preferencialmente, a bola deve ser trocada
de flanco através do passe, se possível com três passes no máximo. O extremo
contrário mantém-se aberto para servir de alvo a receber a bola no final da
troca de flanco. O segundo alvo é o médio contrário.
Criação de
situações de finalização (3)
Sempre que existe espaço livre,
o médio portador da bola tem autorização para conduzir a bola em diagonal a
partir do meio-campo. Antes do meio-campo, apenas a pode transportar em direção
à linha de fundo. O extremo movimenta-se para receber a bola em conjunto com o
médio ofensivo centro. Esse mesmo extremo oferece linha de passe em primeira
opção e jogador alvo em segunda opção. Como jogador alvo, limita-se a receber a
bola em profundidade para finalizar. Pode ainda apoiar o outro extremo em
movimentos para desorganizar a defesa adversária, libertando espaço entre a
defesa adversária. Por sua vez, o extremo contrário movimenta-se em rutura no
momento do passe, pronto para finalizar (entra quando houver espaço livre para
esse movimento). No momento de distribuição para os extremos, o médio contrário
sobe e coloca-se para receber a inversão de flanco e cruzar. Se o desgaste
deste médio for elevado, será o lateral do mesmo lado desse médio a fazer essa
movimentação em largura.
Situações
de finalização (1)
Se a opção de finalização mais segura
for o extremo do mesmo lado do portador, então o novo portador da bola fica
responsável por jogar em explosão e cruzar, seja longo, curto ou da linha de
fundo. Se a opção mais viável é o outro extremo, um passe para as costas as
defesa a receber pelo jogador alvo e um remate à baliza é a movimentação pedida
pelo treinador.
Situações
de finalização (2)
Outra opção que pode revelar-se
segura será o passe para o médio-ofensivo. Este opta por passar para o outro
flanco, rematar de longe ou passar a rasgar para ambos os extremos. Se nenhuma
for possível, passa para trás e recomeça a criação de situações de finalização,
seja pelo mesmo lado ou pelo flanco contrário.
Equilíbrio
defensivo (saída de jogo do oponente)
Uma vez que o espaço no
meio-campo é mal ocupado, a equipa deve estar sempre pronta a tentar recuperar
a posse de bola. Os médios devem ser rápidos a pressionar, principalmente se a
bola está no seu lado do campo. Quando isto acontece, o médio contrário
junta-se ao centro do campo e entra em contenção. Os extremos fecham linhas de
passe entre o meio-campo e a defesa adversária e pressionam o portador pelas
costas. O médio ofensivo e os extremos devem estar prontos para contra-atacar
mal a bola seja recuperada.
Recuperação
defensiva (construção de situações de finalização do adversário)
Neste momento do jogo,
equivalente à transição defensiva, é um momento cujo posicionamento da equipa é
crucial. Duas linhas de contenção e cobertura devem estar formadas e de preferência
subidas. O médio ofensivo pressiona forte nas costas e os extremos estão
prontos para contra-atacar mal a equipa recupere a posse de bola. O extremo do
lado do campo onde está a bola participa na pressão defensiva e o outro está
colocado em espaço livre. Entre médio ofensivo e extremo em contenção, um
destes irá receber a bola e iniciar o contra-ataque.
Defesa
propriamente dita (situações de finalização do adversário)
A equipa forma duas linhas de
quatro jogadores com pressão máxima para recuperar a bola e amplitude deve ser
pequena. Os extremos assumem função para contra-atacar quando a bola é
recuperada. Enquanto isso não acontece, ajudam a pressionar forte. Se o
contra-ataque for impossível, a opção mais viável é manter a posse de bola e
esperar pela movimentação da equipa.
Habilidades individuais
Os defesas devem ser hábeis no
espaço, entre contenção/cobertura defensiva. Os extremos devem ser explosivos e
muito hábeis na finalização/criação de situações de finalização. A dinâmica
aplicada aos extremos permite a estes jogar em amplitude e com apenas uma
substituição, alterar o sistema para 4-3-3. Os médios devem ser extremamente
criativos e com habilidade para jogar nas faixas laterais e no centro.
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