sábado, 18 de junho de 2011

Mais algumas ideias sobre o treino da Velocidade no Futebol

Se observarmos jogos de futebol, mesmo sem análise científica, nunca veremos nenhum jogador fazer um sprint de 100 metros e muito menos, de forma contínua e em linha recta, 200 ou 300 metros. Isso serviria sim como método de treino aos velocistas do atletismo. Mesmo que alguns treinadores de futebol dispensem a tendência mundial sobre especificidade do treino e ainda insistam em utilizar as experiências realizadas com atletas dos desportos individuais e transferir isso para o futebol, não devemos concordar com essa confusão metodológica tão evidente.
A literatura e os resultados com a metodologia correcta têm sido recompensadores para muitos profissionais, que aprenderam a treinar futebol com futebol e não com montanhas, rampas, escadarias, areia e tantas outras coisas que não fazem parte de nada relacionado com o jogo. Para contestar esses aparatos e métodos, alguns estudos na área da fisiológica seriam o bastante – a ciência valida as novas tendências -, mas o bom senso e a percepção de que o futebol evoluiu são determinantes para o inicio da mudança.
O “novo” às vezes confunde e assusta. Em relação aos conceitos de velocidade, por exemplo, há uma boa evolução consensual, pois o discurso para os que pretendem ou trabalham com futebol já passa pelo raciocínio de que o conceito clássico do treino de velocidade utilizado necessariamente o atletismo não quer dizer muita coisa quando temos por objectivos desenvolver ou mesmo manter as manifestações da velocidade de futebolistas.
Pensando nisso, há algumas definições que deixam muito clara a ideia de como começarmos a criar uma metodologia próxima do ideal para o treino no futebol, respeitando a especificidade da actividade competitiva.

• Velocidade de percepção: Perceber as situações do jogo e modificá-las o mais rápido possível, muitas vezes mesmo sem tocar na bola.

• Velocidade de antecipação: Capacidade de adiantar-se ao movimento do adversário ou do desenvolvimento do jogo.

• Velocidade de decisão: Algumas jogadas não são realizadas não por falta de habilidade, mas sim por falta de decisão. Isso mostra que não é suficiente somente perceber algo, mas sim decidir rapidamente e objectivamente a jogada.

• Velocidade de reacção: Fintar, reagir às fintas, saídas rápidas em espaços vazios, recuperar bolas mal passadas, bolas que desviam, etc.

• Velocidade de movimento sem bola (cíclico e acíclico): Deslocamentos repetidos em aceleração em espaços amplos para a busca de melhor posicionamento, ou movimentos em pequenos espaços e acções isoladas com fintas, etc.

• Velocidade de acção com bola: Inclui os componentes coordenativos e técnicos do futebol. Essa manifestação de velocidade tem por base a percepção, antecipação, decisão e reacção.

• Velocidade de habilidade: É a forma mais complexa da manifestação da velocidade. Não é definida somente pelas acções energéticas e musculares, pois para exercer a habilidade necessitamos de raciocínio técnico, ou seja, compreensão do jogo.
As distâncias percorridas: quantificação e qualificação

Detectar os espaços percorridos durante uma partida tornou-se algo bastante simples. Uma boa filmagem, um GPS, um programa simples no computador e alguns cálculos para conversões numéricas ou gráficas de imagens permitem-nos observar de forma exacta a distância total e o perfil de velocidade de cada atleta durante uma partida de futebol.

Outros factores também devem ser levados em consideração para a organização do treino: posicionamento, nível de treinabilidade, nível de adaptação, acções técnicas, numero de sprints em varias distâncias, distâncias parcial e total.
Segundo a maioria das análises videográficas conhecidas até hoje, identificamos que atletas de futebol de elite chegam a repetir de 30 a 100 sprints em distâncias variadas entre 5 a 40-50 metros, dependendo da sua posição no campo.

Sabe-se também que a maioria dos sprints em alta velocidade gira em torno de 20 a 25 metros. Mas toda essa análise quantitativa do desempenho do futebolista não fornece dados suficientes para entendermos a qualidade do desempenho. Precisamos sempre unir a avaliação quantitativa às observações qualitativas, ou seja, se pensamos em velocidade, precisamos entender de que forma foi executado o movimento.
Esses são passos importantes para o entendimento do desempenho real de cada jogador. Considerando esses dados sobre distâncias percorridas em jogos de futebol, cada dia mais evidentes na literatura internacional, fica claro que os jogadores de futebol não necessitam da mesma “velocidade” que um corredor de 100 ou 400 metros.

Nessas modalidades cíclicas, os métodos de treino também seguem o princípio da especificidade e basicamente essa ordem metodológica de trabalho: velocidade de reacção, aceleração e resistência de velocidade de forma exclusivamente cíclica. O futebol difere muito dos métodos de velocidade do atletismo, ou seja, não é cíclico, tem características e intervalos diferentes.
Para desenvolver as várias manifestações da velocidade no futebol, podemos criar métodos motivacionais a partir de estratégias simples. Os pequenos jogos e confrontos individuais com bola atraem muito os futebolistas, pois além de se parecerem muito com a disputa real, cada jogador pode utilizar em muitos momentos do trabalho a criatividade nas acções contra o seu “adversário” desenvolver métodos de treino para futebolistas em que a velocidade esteja relacionada directamente com a habilidade individual deve ser a tónica da maioria das sessões de velocidade.

O que adiantaria uma capacidade de aceleração extremamente bem desenvolvida ou mesmo uma óptima força de saltos, se o futebolista não conseguisse utilizar essas manifestações em situações adequadas do jogo? Os métodos de trabalho devem representar as acções competitivas para que o atleta reconheça as situações dos jogos e a capacidade que tem para enfrentá-las na disputa.
Outro detalhe que nunca podemos deixar passar despercebido é que força e velocidade são componentes que se interagem completamente. O bom desenvolvimento das manifestações de força, assim como todos os exercícios coordenativos, está directamente associado ao desenvolvimento da velocidade.

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