domingo, 30 de novembro de 2014

Como o treino técnico pode ajudar na preparação física


A Preparação dos atletas caminha cada vez mais para as atividades integradas


O bom desenvolvimento de uma equipa de futebol e dos seus atletas dentro de uma competição está diretamente relacionado com a condição técnica e física em que ela se encontra. É imprescindível que um atleta esteja bem condicionado fisicamente para poder realizar as suas funções técnicas e táticas dentro de uma partida com um grau de excelência necessário e para conseguir manter a regularidade durante a competição.

Isso não significa que se deve dar somente atenção ao treino físico puro. O treino técnico pode auxiliar e muito no desenvolvimento das valências físicas de um atleta de futebol. Preparadores técnicos e físicos devem sempre atuar em sintonia, planeando treinos que visem buscar alternativas que permitam aliar com o máximo de excelência as duas situações, pois sendo o futebol um desporto intermitente é claramente possível desenvolver este tipo de situação.


Com a evolução dos métodos de treino, tanto físicos como técnicos, tem-se uma oportunidade muito grande de criar alternativas que estimulem todas as valências físicas necessárias a um atleta de futebol. Pode-se trabalhar, por exemplo, os tipos de resistência quanto ao especto do metabolismo muscular, ou seja, a resistência aeróbia e anaeróbia através de jogos em campo reduzido. Para isso, basta criar regras que deixem o jogo mais dinâmico, trabalhar em dois ou a um toque, dividir as equipas em números de atletas diferentes, num cenário em que uma tem função específica de marcação e outra posse de bola, e assim por diante.

Consegue-se trabalhar a velocidade, uma das valências mais importante para um atleta de futebol. Um exemplo bastante comum é o seguinte: após realizar um passe no treino técnico, o jogador deverá realizar um sprint de 5 metros em direção à bola. A lateralidade e a agilidade podem ser desenvolvidas também. Basta criar situações específicas.


 É comum no futebol utilizar-se o treino físico-técnico, no qual os fundamentos técnicos são desenvolvidos juntamente com elementos físicos dos atletas - ou pelo menos esse seria o objetivo inicial, mas alguns erros são comumente cometidos nesses tipos de treinos, como ênfase exagerada às valências físicas em detrimento da parte técnica propriamente dita.

Quando isso acontece, a bola acaba entrando mais como um elemento motivacional do que como uma situação técnica a ser desenvolvida. Na maioria das vezes, a culpa cai sobre os tipos de exercícios escolhidos. Por isso deve-se ter um cuidado muito grande na hora de planificar e escolher as atividades a serem utilizadas e os objetivos que se quer atingir.

Exercícios em duplas são os mais utilizados pelos profissionais do futebol, nos quais um atleta realiza os movimentos pré-determinados por um tempo estipulado e o outro apenas joga a bola ou os dois ficam trocando passes ou outro fundamento qualquer até receberem um comando para parar ou trocar de movimento.

Esses tipos de exercícios são os mais encontrados na literatura. A eficácia maior de atividades desse gênero se dá na formação, nas quais existe uma necessidade maior de desenvolvimento das valências físicas como coordenação, força e velocidade do atleta, pois o padrão psicomotor ainda está em fase de desenvolvimento.



Já nas categorias maiores, como júnior ou sénior, deve-se buscar alternativas mais complexas, que se aproximem mais da realidade de jogo, criando situações em que os atletas tenham uma dinâmica de jogo maior. É claro que com atletas profissionais parte-se do pressuposto que eles já tenham um padrão psicomotor altamente desenvolvido e especializado, por mais que muitas vezes não seja isso que acontece.

Não é raro encontrarmos situações em que atletas profissionais tenham grandes dificuldades motoras para realizar exercícios e fundamentos. Nesses casos, os treinadores devem buscar alternativas para tentar obter uma melhoria nos padrões desses atletas, treinando-os em separado.

O planeamento ainda é a melhor maneira de se obter os resultados desejados na preparação de equipas de futebol, independentemente da categoria em que se esteja trabalhando. É muito importante que os profissionais envolvidos na preparação física e técnica tenham uma dose de criatividade para implementar e melhorar os seus treinos. A variação de metodologias de exercício é de suma importância para um melhor rendimento do atleta, pois o psicológico influencia diretamente no rendimento.





Não é uma situação muito agradável para o atleta ficar sempre repetindo os mesmos exercícios - o ser humano precisa sempre de novos desafios, situações diferenciadas e se possível que se aproximem ao máximo da realidade que ele irá encontrar no jogo.

A grande maioria dos atletas sabe o quanto é importante para o seu desenvolvimento e sucesso profissional estar bem condicionado fisicamente, mas encontra uma barreira muito grande na realização de treinos físicos. Muitos já iniciam sua sessão de treino psicologicamente abalados, e isso pode fazer com que seu rendimento caia consideravelmente.

A busca por alternativas que estimulem mais o rendimento do atleta é imprescindível na sua preparação e não só o rendimento físico, mas também o seu lado psicológico.

Uma grande arma que os profissionais envolvidos com a preparação de equipas de futebol têm é tentar mesclar o treino técnico, no qual a “bola” está presente, com os treinos físicos. Fazendo essa aliança, pode-se até conseguir atingir índices de performance muito melhores, não esquecendo é claro que os treinos físicos específicos também são imprescindíveis ao rendimento dos atletas, principalmente no período de preparação ou pré-temporada.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

O QUE É PRESSING ?


O “futebol de pressing”, assim chamado pelo seu criador, Rinus Michels, consistia de um dispositivo tático cujo objetivo era acuar intensamente o adversário para recuperar a posse de bola e não ceder em nenhum momento a iniciativa de jogo ao mesmo, contando com dois requisitos básico: espírito de luta inquebrantável e excelentes níveis de preparação física. Segundo a definição do próprio Michels, o futebol de pressing era “um sistema de jogo em que todos os jogadores no campo atacam todo o tempo… ainda que não tenham a posse de bola!”



Ao utilizar-se do pressing busca-se tornar o campo pequeno para o adversário, pressionando-o tanto em espaço como em tempo. Prioritariamente, todos os espaços próximos à bola devem ser racionalmente ocupados e as linhas de passe do adversário são suprimidas e este se vê com um reduzido número de possibilidades, tudo isso é claro se o “pressing” for bem realizado e muito bem sistematizado durante o processo de treino.

O “pressing” segundo Amieiro (2005) é uma ação coletiva defensiva de opressão sobre o portador da bola, sendo que esta ação busca diminuir o tempo e espaço de ação do mesmo.

A questão coletiva passa a ser primordial nessa ação, pois o estado de pressão imposto ao adversário depende de uma ocupação inteligente e direcionada de todos os espaços necessários para que isso ocorra.


Outro ponto importante citado pelo autor é de que o “pressing” não deve ser feito apenas para impedir que o adversário jogue, mas para que sua equipe jogue, por isso esta dever ter estratégias para pressionar e dar sequência na jogada e não apenas pressionar, roubar a bola e logo em seguida perdê-la, e isso obviamente também deve ser definido durante o processo de treino.

A transição ofensiva e defensiva tem plena relação com essa forma do time atuar.

Em se tratando de futebol de alto nível, tem-se recriminado toda forma passiva de jogar e o “pressing” tornou o ato de defender passivamente em um ato agressivo de jogar defensivamente, os espaços então tornaram-se ainda mais escassos.

Essas formas de “pressing” têm aspetos físicos específicos e são determinantes nos jogos, pois os jogadores devem resistir durante os noventa minutos aos estímulos da partida e reagir da melhor maneira possível conforme o modelo de jogo proposto pelo treinador.
Consideremos as seguintes variáveis:
- Espaço: refere-se à região ou setor do campo em que a pressão deve iniciar ou ser realizada;

- Tempo: relaciona-se ao momento em que deve-se iniciar a pressão, se na transição defensiva, nos passes para trás do adversário, etc e;

- Referência: diz respeito ao elemento do jogo que orientará a pressão, se a bola, o adversário ou um setor do campo, por exemplo.


As três variáveis acima citadas são essenciais para se compreender o ato de pressionar e o que o norteia. E, independentemente da opção por este ou aquele referencial, a capacidade de exercer pressing, ou seja, de gerar uma situação para o adversário que o obrigue a decidir sob condições com maior dificuldade que o habitual, dependerá do nível de compreensão que o grupo de jogadores que o aplica têm sobre o jogo.

Esses conhecimentos sobre a lógica do jogo serão construídos dentro de um processo pedagógico de treino, com complexidade crescente e sempre atuando dentro da zona proximal de conhecimento do grupo de atletas.


Esse conceito foi criado e popularizado pelo treinador holandês e ficou em evidência principalmente após a Copa do Mundo de 1974 devido à excelente campanha que a seleção da Holanda realizou durante aquele mundial.

Apresentando um futebol fantástico, inclusive com a denominação de “Carrossel Holandês” pela alta rotatividade de movimentações que a equipe demonstrava em campo, o “pressing” se tornou desde então uma característica de equipas de alto nível, que vêem nessa forma de jogar um meio para controlar e / ou dominar as partidas.

 

PRINCÍPIOS GERAIS E ESPECÍFICOS NO JOGO




No futebol, a relação de cooperação/oposição manifesta-se na realização de ações individuais, de grupo e coletivas, específicas e congruentes com os objetivos e com as finalidades em cada momento do jogo, segundo regras de ação e princípios de gestão bem definidos. Estas regras de ação e princípios de gestão de jogo, são denominados no seu conjunto, e segundo Teodorescu (1984), componentes fundamentais da tática. De acordo com este autor romeno, as componentes fundamentais da tática são:


As Fases: etapas percorridas no desenvolvimento quer do ataque quer da defesa desde o seu início até à sua conclusão.
Os Princípios (gerais e específicos): normas de base segundo as quais os jogadores, individual, em grupo ou coletivamente, devem coordenar a sua atividade durante os desenvolvimentos das fases (defesa e ataque).
Os Fatores: meios que os jogadores utilizam, qualquer que seja a fase de jogo, tendo em conta a aplicação dos respetivos princípios.
As Formas: estruturas organizadoras da atividade durante o jogo e nas diversas fases.
 

Os princípios específicos representam, conforme foi já referido, um conjunto de regras que devem coordenar as ações dos jogadores. A cada um dos 4 princípios específicos do ataque (penetração, cobertura ofensiva, mobilidade e espaço) correspondem outros tantos da defesa (contenção, cobertura defensiva, equilíbrio e concentração) e vice-versa.


Os princípios de jogo são então um conjunto de normas que orientam o jogador na procura das soluções mais eficazes, nas diferentes situações de jogo.


Quando um jogador se encontra na posse da bola, este deverá ter como primeira preocupação ver se existe possibilidade de finalizar (marcar golo) ou espaço livre de progressão para a baliza contrária, respeitando o primeiro princípio de ataque, isto é, a PENETRAÇÃO.


Em resposta à penetração, a equipa que defende deve fechar de imediato a linha de remate ou de progressão para a baliza, colocando um jogador entre o portador da bola e a baliza, criando uma situação de 1x1, cumprindo assim o primeiro princípio da defesa, ou seja, a CONTENÇÃO.


Esta situação de igualdade numérica agora criada, não deixa de envolver um maior risco para a equipa que defende. Assim, esta deve procurar criar superioridade numérica, através da inclusão de um segundo defensor, cumprindo assim o segundo princípio da defesa: a COBERTURA DEFENSIVA.


A equipa que ataca, dado que fica em inferioridade numérica, deve restabelecer o equilíbrio fazendo apelo a um segundo atacante e, respeitando o segundo princípio do ataque, COBERTURA OFENSIVA, tenta criar uma relação de igualdade numérica (2x2).


Esta situação de 2x2 é teoricamente menos vantajosa para o ataque do que a de 1x1. Justifica-se assim que o segundo atacante se afaste do portador da bola de forma a libertá-lo da sobremarcação (cobertura defensiva), procurando reconstituir a situação de 1x1. Caso o segundo defensor não o acompanhe, está então criada uma linha de passe que deve ser utilizada de forma a criar uma situação de 1x0. Este é o princípio da MOBILIDADE.

Entre estas duas alternativas, compete à defesa optar pela menos perigosa. O segundo defensor deve acompanhar o segundo atacante restabelecendo, ainda que em moldes algo frágeis, situações de igualdade numérica (1x1), através do cumprimento do princípio do EQUILÍBRIO.


Podemos verificar, em síntese, que o ataque tem todo o interesse em tornar o jogo mais aberto, com maior amplitude, em largura e profundidade, em criar linhas de passe, de forma a obrigar a defesa a flutuar e a ter maior dificuldade em criar situações de superioridade numérica. Justifica-se por isso aquele que se constitui como o quarto princípio do ataque: ESPAÇO.

Pelo contrário, à defesa compete restringir o espaço disponível para jogar, diminuir a amplitude do ataque, obrigando o adversário a jogar em pequenos espaços, de forma a facilitar a cobertura defensiva e a criação permanente de situações de superioridade numérica. Explica-se desta forma a CONCENTRAÇÃO enquanto quarto princípio de defesa.

Nota Final: Embora não esteja referido no artigo, é unânime o reconhecimento de duas fases fundamentais no sucesso do processo ofensivo e defensivo, e que têm vindo a ganhar mais relevo como alvo de estudo - transições ataque/defesa e defesa/ataque...Serão, pela sua especificidade, debatidas noutra ocasião.

sábado, 14 de junho de 2014

COMPREENDER O TREINO COM JOGOS REDUZIDOS

Este tipo de exercícios tem um papel fundamental no treino da equipa, pois permite que aos jogadores treinar várias ações diferentes de forma contínua, assim como compreender o espaço e as movimentações no exercício. Este tipo de exercícios englobam características técnicas, táticas, físicas e psicológicas num só exercício ao mesmo tempo, o que permite aos jogadores treinar perante situações mais parecidas com o jogo.


A participação do treinador

      Em cada sessão de treino com jogos reduzidos, o treinador deve ser extremamente participativo. Cada jogo reduzido é construído para um determinado objetivo, como a pressão, a amplitude, movimentações de rutura ou qualquer complemento que o treinador entenda que os jogadores devem treinar. Assim, o treinador deve participar imenso e manter a oralidade perante os jogadores, ou seja, pedir a concentração perante o objetivo do jogo reduzido. Isto leva os jogadores a fazer um esforço pelos objetivos propostos
 
 
 
 
     Vantagem e desvantagem numérica
        A igualdade numérica permite a aprendizagem eficaz dos elementos técnico-táticos, sejam individuais e coletivos no ataque e na defesa. Num jogo reduzido, quando as duas equipas estão em igualdade numérica, todos os membros participativos treinam de igual para igual. Cada jogador intervém sobre a bola quando for momento certo para essa intervenção, como de desloca no espaço vazio, seja para se desmarcar ou marcar um adversário, assim como para se movimentar no espaço para criar desequilíbrios ou para receber a bola em profundidade.

 

       A superioridade numérica ofensiva produz aceleração do jogo ofensivo e condições mais complexas para o jogo defensivo. Quando uma equipa está em vantagem perante a equipa adversária, existem várias vantagens para ambas as equipas. Ao mesmo tempo que a equipa em vantagem numérica pratica a coordenação entre os seus membros, isto é, os processos defensivos e ofensivos pedidos pelo treinador que podem ser praticados com calma e segurança, a equipa em desvantagem numérica assume a dificuldade em tomar decisões rápidas e precisas, o que possibilita o melhoramento psicológico, como a tomada de decisão, a leitura de jogo e a tranquilidade em enfrentar uma situação difícil.
 
     Conclusão
       Analisando uma partida de futebol, compreendemos que a mesma ação não se repete duas vezes seguidas, pelo menos com frequência. Assim, distinguindo os vários processos de treino, jogos reduzidos tem uma grande vantagem perante exercícios técnicos. Os exercícios técnicos são específicos para ensinar os jogadores perante uma determinada ação técnico-tática. Os jogos reduzidos englobam imensas ações técnico-táticas, ultrapassando assim a aprendizagem para a evolução do atleta perante as situações de jogo reais.
 

terça-feira, 3 de junho de 2014

A PLIOMETRIA NO TREINO DO FUTEBOL

 
       De acordo com as exigências do futebol, o treino de futebol está dividido em várias vertentes, buscando resolver várias questões através dos exercícios. Muito procuradas no futebol, a explosão e a velocidade são conseguidos através de exercícios especializados no desenvolvimento de determinados músculos do corpo. Esta é a resposta à pergunta: "O que é a pliometria?". Em resposta a esta pergunta, a Pliometria é uma das várias vertentes do treino. Mas este artigo apresenta a definição de Pliometria.

        O conceito de Pliometria

        Os músculos têm propriedades elásticas. Essas propriedades formam o conceito da Pliometria que, ao esticar e ao contrair um músculo do corpo, este aumenta os seus índices de velocidade de explosão. Assim, a pliometria é uma forma de exercícios que busca a máxima utilização dos músculos em movimentos rápidos e de explosão.

 
        A biomecânica da Pliometria
        A pliometria procura formas de alcançar a explosividade e a velocidade através dos exercícios, como por exemplo a corrida rápida e saltar alto, ou até mesmo subir e descer uma escada rapidamente. Este tipo de exercícios trabalha a contração e alongamento do músculo de forma sequenciada, procurando a força máxima no menor período de tempo. Isto é, para desenvolver a explosividade e a velocidade dos atletas, o treinador deve desenvolver exercícios que envolvam velocidade e explosão. Estes exercícios devem ter imensas repetições do mesmo movimento, definido pela criação duma reação prévia à ação anterior.


        Como aplicar a Pliometria nos exercícios de futebol?


        Antes de desenvolver a capacidade de explosão do atleta, o treinador deve treinar a força do atleta durante dois ou três meses. O reforço nas junções dos tornozelos, joelhos e bacia, através de exercícios específicos tem grande importância no desenvolvimento da explosão. O ideal será utilizar contrações isométricas em diferentes posições. Depois, o treinador forma exercícios onde o movimento dos músculos é contínuo e específico. Ultrapassar pequenas barreiras é um bom exemplo disso. Quando o atleta desenvolve a força suficiente para passar aos exercícios pliométricos, o uso de pesos não é mais necessário, pois bastará o peso do próprio corpo para o desenvolvimento dos músculos.

        Resumindo as vantagens da Pliometria

- Produção de movimentos explosivos com facilidade, como por exemplo a impulsão ou aceleração

- Aumentar a capacidade do músculo para conseguir uma força máxima num período de tempo inferior

- Melhoria da eficiência mecânica dos músculos utilizados

- Aumento da tolerância para cargas de alongamento mais elevadas

- Aumento de trocas entre sistema nervoso e músculos, que facilitam o rendimento de movimentos rápidos e potentes

 

 

sábado, 31 de maio de 2014

MODELO DE JOGO BASEADO NO SISTEMA TÁTICO 4-4-2 LOSANGO


Quando um treinador opta por um modelo de jogo para a sua equipa, tem sempre várias condicionantes e referências para escolher uma forma de jogar para a sua equipa. Uma dessas referências é o sistema tático que define o posicionamento base dos jogadores. Quando o treinador atribui funções aos jogadores e adiciona processos defensivos e ofensivos à equipa, automaticamente está a implantar um modelo de jogo na equipa.

        Por norma, o sistema tático 4-4-2 losango não é um sistema de excelência na ocupação de espaços, mas é excelente para trocar a bola entre várias zonas do campo. Se os médios estiverem bem posicionados e em amplitude, existem inúmeras linhas de passe que são excelentes formas de iniciar um ataque. Assim, é um bom sistema para efetuar saídas de jogo de qualidade, seja por bola longa, subida das linhas ou troca de flanco.
        Este modelo de jogo será baseado em ataque rápido e movimentações dinâmicas, sem nenhum ponta de lança fixo. A apresentação do modelo de jogo, isto é, posicionamentos e movimentações será feita pelas fases do jogo descritas, das quais: saída de jogo, criação de situações de finalização, finalização, equilíbrio defensivo, recuperação defensiva e defesa propriamente dita.
 
        Saída de jogo
        Quando a equipa parte desde o primeiro setor com a bola controlada, o primeiro objetivo é posicionar a equipa para recuperar imediatamente a bola. A bola parte sempre de um lateral, com apoio do médio do mesmo lado que sobe e os restantes médios mantém a contenção em frente à cobertura da linha defensiva, como na figura 1.
 
 
       De preferência, a bola parte dos pés do defesa lateral e este decide o que fazer com a bola. A equipa acompanha a movimentação e decisão do defesa lateral e do médio do mesmo setor.
        A primeira opção passa pelo médio conduzir a bola ou arrancar para o ataque rápido. Se o adversário pressionar estes dois jogadores, a segunda opção é trocar de flanco imediatamente, seja através dos defesas ou médios, importando que seja pelo chão. A terceira hipótese para o portador de bola, mesmo que esteja incluindo um passe ao médio com devolução. A ideia é manter sempre a posse de bola. Por último, o extremo contrário mantém-se sempre aberto para receber a bola através do passe longo. O treino da saída de jogo deve incluir a tomada de decisão neste sentido: Atacar, sem pressão, manter a posse de bola e sair em passe longo.
 
        Criação de situações de finalização
        Após a saída de jogo, o médio ou o lateral tem a bola nos pés e tem a opção de passar para trás ou fazer a bola progredir para a frente. Existem duas opções se a escolha é levar a bola em frente: direcionar para o jogador alvo ou inverter o flanco. Se existe espaço no corredor para direcionar a bola ao extremo posicionado para receber, o portador da bola deve conduzir e passar ou passar imediatamente a bola.
        Quando existe bastante espaço para o extremo jogar, será uma grande vantagem para este tentar cruzar. Se não houver muito espaço para cruzar ou se a situação não for conveniente para a finalização, o extremo pode aproveitar as suas habilidades técnicas para segurar a bola em busca e opções ou enquanto a equipa sobe no terreno. Esta ação não deve demorar mais de três segundos. Se a equipa não consegue criar situações favoráveis, deve tentar inverter a bola de flanco.
       Criação de situações de finalização (2)
       Os restantes médios devem ser sempre opções de passe seguras e evoluídos taticamente para trocar a bola de flanco com eficácia. Quando o portador da bola não tem opções pela elevada pressão causada pelo adversário, a opção é levar o objeto do jogo para onde existe espaço livre, no flanco contrário. Preferencialmente, a bola deve ser trocada de flanco através do passe, se possível com três passes no máximo. O extremo contrário mantém-se aberto para servir de alvo a receber a bola no final da troca de flanco. O segundo alvo é o médio contrário.
       Criação de situações de finalização (3)
        Sempre que existe espaço livre, o médio portador da bola tem autorização para conduzir a bola em diagonal a partir do meio-campo. Antes do meio-campo, apenas a pode transportar em direção à linha de fundo. O extremo movimenta-se para receber a bola em conjunto com o médio ofensivo centro. Esse mesmo extremo oferece linha de passe em primeira opção e jogador alvo em segunda opção. Como jogador alvo, limita-se a receber a bola em profundidade para finalizar. Pode ainda apoiar o outro extremo em movimentos para desorganizar a defesa adversária, libertando espaço entre a defesa adversária. Por sua vez, o extremo contrário movimenta-se em rutura no momento do passe, pronto para finalizar (entra quando houver espaço livre para esse movimento). No momento de distribuição para os extremos, o médio contrário sobe e coloca-se para receber a inversão de flanco e cruzar. Se o desgaste deste médio for elevado, será o lateral do mesmo lado desse médio a fazer essa movimentação em largura.
       Situações de finalização (1)
       Se a opção de finalização mais segura for o extremo do mesmo lado do portador, então o novo portador da bola fica responsável por jogar em explosão e cruzar, seja longo, curto ou da linha de fundo. Se a opção mais viável é o outro extremo, um passe para as costas as defesa a receber pelo jogador alvo e um remate à baliza é a movimentação pedida pelo treinador.
        Situações de finalização (2)
        Outra opção que pode revelar-se segura será o passe para o médio-ofensivo. Este opta por passar para o outro flanco, rematar de longe ou passar a rasgar para ambos os extremos. Se nenhuma for possível, passa para trás e recomeça a criação de situações de finalização, seja pelo mesmo lado ou pelo flanco contrário.
        Equilíbrio defensivo (saída de jogo do oponente)
        Uma vez que o espaço no meio-campo é mal ocupado, a equipa deve estar sempre pronta a tentar recuperar a posse de bola. Os médios devem ser rápidos a pressionar, principalmente se a bola está no seu lado do campo. Quando isto acontece, o médio contrário junta-se ao centro do campo e entra em contenção. Os extremos fecham linhas de passe entre o meio-campo e a defesa adversária e pressionam o portador pelas costas. O médio ofensivo e os extremos devem estar prontos para contra-atacar mal a bola seja recuperada.
        Recuperação defensiva (construção de situações de finalização do adversário)
        Neste momento do jogo, equivalente à transição defensiva, é um momento cujo posicionamento da equipa é crucial. Duas linhas de contenção e cobertura devem estar formadas e de preferência subidas. O médio ofensivo pressiona forte nas costas e os extremos estão prontos para contra-atacar mal a equipa recupere a posse de bola. O extremo do lado do campo onde está a bola participa na pressão defensiva e o outro está colocado em espaço livre. Entre médio ofensivo e extremo em contenção, um destes irá receber a bola e iniciar o contra-ataque.
        Defesa propriamente dita (situações de finalização do adversário)
        A equipa forma duas linhas de quatro jogadores com pressão máxima para recuperar a bola e amplitude deve ser pequena. Os extremos assumem função para contra-atacar quando a bola é recuperada. Enquanto isso não acontece, ajudam a pressionar forte. Se o contra-ataque for impossível, a opção mais viável é manter a posse de bola e esperar pela movimentação da equipa.
     
  Habilidades individuais
        Os defesas devem ser hábeis no espaço, entre contenção/cobertura defensiva. Os extremos devem ser explosivos e muito hábeis na finalização/criação de situações de finalização. A dinâmica aplicada aos extremos permite a estes jogar em amplitude e com apenas uma substituição, alterar o sistema para 4-3-3. Os médios devem ser extremamente criativos e com habilidade para jogar nas faixas laterais e no centro.
 
 
 
 
 
 
      
 
 

sexta-feira, 30 de maio de 2014

AQUI VAI UM BOM EXERCÍCIO PARA A ORGANIZAÇÂO COLETIVA


O treino do futebol é baseado na organização da equipa sobre uma forma de jogar específica, como indica o princípio da especificidade do treino. Uma vez que importa desenvolver o jogo coletivo, e consequentemente melhorar os processos da equipa, os jogadores devem ser treinados sob estímulos que conduzam a essa melhoria. O exercício seguinte foi criado a pensar em estímulos para passe, apoio e posse de bola, perceção dos colegas de equipa e jogo sem bola. É um exercício, pois não estimula a finalização de forma intencional ou real.

        Material: 5 coletes de uma cor, 1 colete de outra cor, 8 cones, 1 bola

        Número: 5 jogadores x 5 jogadores + jogador livre

        Duração: 7-12 minutos

 
        Organização
        Numa área com aproximadamente 60 metros por 40 metros, duas equipas jogam futebol, 5 jogadores contra 5 jogadores, e com um joker que apoia a equipa em posse de bola. As balizas são reduzidas, e existem duas áreas marcadas pelos cones verdes representados na figura, cada uma com 20 metros por 40 metros. Os jogadores apenas podem rematar dentro desse limite. O joker ou jogador flutuante, não defende.
        Descrição
        Neste exercício, o objetivo fundamental é desenvolver a capacidade da equipa em jogar como equipa, obrigando os jogadores a determinados estímulos que fundamentam ações específicas decorrentes numa partida. O jogo de passe é bastante desenvolvido neste exercício, pois é uma das formas mais viáveis de procurar a finalização, que apenas pode ser realizada dentro da área que a equipa adversária está a defender. O jogador de sobra apoia as duas equipas, e pode ser um dos médios ofensivos do plantel. Como o objetivo é melhorar a perceção dos jogadores da equipa, cada equipa cujo um jogador "pede" a bola, sofrerá um livre. Os jogadores não devem pedir a bola, mas devem procurar criar linhas de apoio ao portador da bola. O treinador deve ainda procurar impor algumas condições, como apenas usar o pé mais fraco para passar, tentar tabelas entre jogadores ou ainda controlar a bola antes de passar

segunda-feira, 19 de maio de 2014

FUNDAMENTOS DO 4-4-2 LOSANGO (Parte 1)


 Este é o primeiro de uma pequena série de artigos fundamentados no 4-4-2 losango, onde desenharemos um modelo a partir deste sistema tático. Como todos sabemos, o jogo sem bola é muito importante. Se, quando a bola está na nossa posse, apenas um jogador a têm, os restantes dez jogadores devem saber como se movimentar, quando não temos a posse de bola são onze jogadores que se devem movimentar corretamente. Existem muitos processos para impedir que o adversário atinja a nossa baliza com a bola, e a pressão em zonas adiantadas do terreno é um desses processos. Desta forma, vamos desenhar algumas soluções para pressionar alto através do esquema 4-4-2 losango.

       Porque pressionar no 4-4-2 losango, em zonas adiantadas do terreno?

       Pessoalmente, não gosto do 4-4-2 losango por completo. Alguns dos Comportamentos táticos defensivos no futebol, relacionados ao sistema 4-4-2 em losango são difíceis de compreender e até de resolver. A organização entre os jogadores do meio-campo não deixa muito a desejar, e para que estes se mantenham organizados, a defesa deve estar sempre próxima e a cobrir os médios. Apesar de ser um esquema tático com tendência ofensiva (pelo menos, eu gosto mais do 4-4-2 losango para equipas ofensivas e não defensivas), também é possível defender bem se soubermos organizar os vários momentos de jogo como é descrito neste artigo. 

       Podemos, de qualquer forma, aliar o 4-4-2 losango à pressão alta, para obrigar o adversário ao erro. Este método de defesa requere laterais pouco subidos, médios pressionantes e avançados ativos também na pressão contra os adversários. Se algum destes setores falhar, este método defensivo não terá resultado. De qualquer forma, em qualquer método defensivo, nenhum setor pode falhar. Vejamos:



       O meio-campo é composto apenas por 4 jogadores, organizados em espaço largo. Quatro jogadores são pouco para uma equipa que pretende  controlar o meio campo, especialmente porque ficará sempre um corredor de vago se o espaço for bem fechado. Os avançados devem então recuar e ajudar a pressionar, para criar vantagem numérica com o apoio da defesa. Desta forma, com linhas próximas, o 4-4-2 losango torna a zona central do terreno super povoada, sendo difícil de ultrapassar. Mas, caso o meio-campo não pressione o suficiente para recuperar a posse de bola, restará apenas uma linha de quatro jogadores, sem cobertura, que pode ser facilmente ultrapassada. Portanto, os médios devem ser bastante pressionantes



        Se a linha da defesa estiver demasiado longe dos jogadores do meio-campo, isso representa que o espaço defensivo entre a defesa e os médios é ocupado apenas pelo médio defensivo ou trinco. Isso representa pouco. O princípio da cobertura defensiva afirma que um segundo jogador se coloca em posição atrás de um primeiro jogador, para que este tenha liberdade para desarmar. Uma linha defensiva bastante longe dos médios não representa cobertura defensiva a estes, que forem ultrapassados, a equipa perderá o controlo do jogo. A linha da defesa nunca pode ficar muito distante dos médios, pois isso representa o controlo do jogo.



       Quanto aos avançados, estes devem estar sempre em jogo. Devem sempre pressionar nas costas do portador, fechar linhas de passe e obrigar os adversários ao erro. Se a  linha defensiva se mantém próxima dos médios e lhe garante cobertura, os avançados juntam-se aos médios para recuperar a posse de bola, formando vantagem numérica na zona onde esta se encontra. Desta forma, existem quatro jogadores a pressionar o portador de frente, dois a pressionar as costas do portador e quatro jogadores em cobertura defensiva, para que os restantes tenham liberdade para tentar recuperar a bola.

       Conclusão

       Este método defensivo baseado neste esquema tático, não é um método defensivo geral do mesmo. Pode ser utilizado em outros sistemas táticos, como podemos recuperar a bola através da pressão alta. Um facto é que não é fácil defender em 4-4-2 losango, a não ser que a equipa seja bem treinada. Por outro lado, dado o esforço que é pedido aos jogadores, este sistema tático pode até ser utilizado para os manter concentrados, tornando-se assim, numa excelente ferramenta. Em outros artigos, continuaremos a explorar o nosso 4-4-2 losango. Até já

 

Treino Psicológico! Como fazer! Como treinar! Como tirar rendimento!

Treino, quando falamos nesta palavra, muitas vezes o nosso pensamento direciona-se predominantemente para conteúdos referentes à vertent...