quarta-feira, 29 de outubro de 2014

O QUE É PRESSING ?


O “futebol de pressing”, assim chamado pelo seu criador, Rinus Michels, consistia de um dispositivo tático cujo objetivo era acuar intensamente o adversário para recuperar a posse de bola e não ceder em nenhum momento a iniciativa de jogo ao mesmo, contando com dois requisitos básico: espírito de luta inquebrantável e excelentes níveis de preparação física. Segundo a definição do próprio Michels, o futebol de pressing era “um sistema de jogo em que todos os jogadores no campo atacam todo o tempo… ainda que não tenham a posse de bola!”



Ao utilizar-se do pressing busca-se tornar o campo pequeno para o adversário, pressionando-o tanto em espaço como em tempo. Prioritariamente, todos os espaços próximos à bola devem ser racionalmente ocupados e as linhas de passe do adversário são suprimidas e este se vê com um reduzido número de possibilidades, tudo isso é claro se o “pressing” for bem realizado e muito bem sistematizado durante o processo de treino.

O “pressing” segundo Amieiro (2005) é uma ação coletiva defensiva de opressão sobre o portador da bola, sendo que esta ação busca diminuir o tempo e espaço de ação do mesmo.

A questão coletiva passa a ser primordial nessa ação, pois o estado de pressão imposto ao adversário depende de uma ocupação inteligente e direcionada de todos os espaços necessários para que isso ocorra.


Outro ponto importante citado pelo autor é de que o “pressing” não deve ser feito apenas para impedir que o adversário jogue, mas para que sua equipe jogue, por isso esta dever ter estratégias para pressionar e dar sequência na jogada e não apenas pressionar, roubar a bola e logo em seguida perdê-la, e isso obviamente também deve ser definido durante o processo de treino.

A transição ofensiva e defensiva tem plena relação com essa forma do time atuar.

Em se tratando de futebol de alto nível, tem-se recriminado toda forma passiva de jogar e o “pressing” tornou o ato de defender passivamente em um ato agressivo de jogar defensivamente, os espaços então tornaram-se ainda mais escassos.

Essas formas de “pressing” têm aspetos físicos específicos e são determinantes nos jogos, pois os jogadores devem resistir durante os noventa minutos aos estímulos da partida e reagir da melhor maneira possível conforme o modelo de jogo proposto pelo treinador.
Consideremos as seguintes variáveis:
- Espaço: refere-se à região ou setor do campo em que a pressão deve iniciar ou ser realizada;

- Tempo: relaciona-se ao momento em que deve-se iniciar a pressão, se na transição defensiva, nos passes para trás do adversário, etc e;

- Referência: diz respeito ao elemento do jogo que orientará a pressão, se a bola, o adversário ou um setor do campo, por exemplo.


As três variáveis acima citadas são essenciais para se compreender o ato de pressionar e o que o norteia. E, independentemente da opção por este ou aquele referencial, a capacidade de exercer pressing, ou seja, de gerar uma situação para o adversário que o obrigue a decidir sob condições com maior dificuldade que o habitual, dependerá do nível de compreensão que o grupo de jogadores que o aplica têm sobre o jogo.

Esses conhecimentos sobre a lógica do jogo serão construídos dentro de um processo pedagógico de treino, com complexidade crescente e sempre atuando dentro da zona proximal de conhecimento do grupo de atletas.


Esse conceito foi criado e popularizado pelo treinador holandês e ficou em evidência principalmente após a Copa do Mundo de 1974 devido à excelente campanha que a seleção da Holanda realizou durante aquele mundial.

Apresentando um futebol fantástico, inclusive com a denominação de “Carrossel Holandês” pela alta rotatividade de movimentações que a equipe demonstrava em campo, o “pressing” se tornou desde então uma característica de equipas de alto nível, que vêem nessa forma de jogar um meio para controlar e / ou dominar as partidas.

 

PRINCÍPIOS GERAIS E ESPECÍFICOS NO JOGO




No futebol, a relação de cooperação/oposição manifesta-se na realização de ações individuais, de grupo e coletivas, específicas e congruentes com os objetivos e com as finalidades em cada momento do jogo, segundo regras de ação e princípios de gestão bem definidos. Estas regras de ação e princípios de gestão de jogo, são denominados no seu conjunto, e segundo Teodorescu (1984), componentes fundamentais da tática. De acordo com este autor romeno, as componentes fundamentais da tática são:


As Fases: etapas percorridas no desenvolvimento quer do ataque quer da defesa desde o seu início até à sua conclusão.
Os Princípios (gerais e específicos): normas de base segundo as quais os jogadores, individual, em grupo ou coletivamente, devem coordenar a sua atividade durante os desenvolvimentos das fases (defesa e ataque).
Os Fatores: meios que os jogadores utilizam, qualquer que seja a fase de jogo, tendo em conta a aplicação dos respetivos princípios.
As Formas: estruturas organizadoras da atividade durante o jogo e nas diversas fases.
 

Os princípios específicos representam, conforme foi já referido, um conjunto de regras que devem coordenar as ações dos jogadores. A cada um dos 4 princípios específicos do ataque (penetração, cobertura ofensiva, mobilidade e espaço) correspondem outros tantos da defesa (contenção, cobertura defensiva, equilíbrio e concentração) e vice-versa.


Os princípios de jogo são então um conjunto de normas que orientam o jogador na procura das soluções mais eficazes, nas diferentes situações de jogo.


Quando um jogador se encontra na posse da bola, este deverá ter como primeira preocupação ver se existe possibilidade de finalizar (marcar golo) ou espaço livre de progressão para a baliza contrária, respeitando o primeiro princípio de ataque, isto é, a PENETRAÇÃO.


Em resposta à penetração, a equipa que defende deve fechar de imediato a linha de remate ou de progressão para a baliza, colocando um jogador entre o portador da bola e a baliza, criando uma situação de 1x1, cumprindo assim o primeiro princípio da defesa, ou seja, a CONTENÇÃO.


Esta situação de igualdade numérica agora criada, não deixa de envolver um maior risco para a equipa que defende. Assim, esta deve procurar criar superioridade numérica, através da inclusão de um segundo defensor, cumprindo assim o segundo princípio da defesa: a COBERTURA DEFENSIVA.


A equipa que ataca, dado que fica em inferioridade numérica, deve restabelecer o equilíbrio fazendo apelo a um segundo atacante e, respeitando o segundo princípio do ataque, COBERTURA OFENSIVA, tenta criar uma relação de igualdade numérica (2x2).


Esta situação de 2x2 é teoricamente menos vantajosa para o ataque do que a de 1x1. Justifica-se assim que o segundo atacante se afaste do portador da bola de forma a libertá-lo da sobremarcação (cobertura defensiva), procurando reconstituir a situação de 1x1. Caso o segundo defensor não o acompanhe, está então criada uma linha de passe que deve ser utilizada de forma a criar uma situação de 1x0. Este é o princípio da MOBILIDADE.

Entre estas duas alternativas, compete à defesa optar pela menos perigosa. O segundo defensor deve acompanhar o segundo atacante restabelecendo, ainda que em moldes algo frágeis, situações de igualdade numérica (1x1), através do cumprimento do princípio do EQUILÍBRIO.


Podemos verificar, em síntese, que o ataque tem todo o interesse em tornar o jogo mais aberto, com maior amplitude, em largura e profundidade, em criar linhas de passe, de forma a obrigar a defesa a flutuar e a ter maior dificuldade em criar situações de superioridade numérica. Justifica-se por isso aquele que se constitui como o quarto princípio do ataque: ESPAÇO.

Pelo contrário, à defesa compete restringir o espaço disponível para jogar, diminuir a amplitude do ataque, obrigando o adversário a jogar em pequenos espaços, de forma a facilitar a cobertura defensiva e a criação permanente de situações de superioridade numérica. Explica-se desta forma a CONCENTRAÇÃO enquanto quarto princípio de defesa.

Nota Final: Embora não esteja referido no artigo, é unânime o reconhecimento de duas fases fundamentais no sucesso do processo ofensivo e defensivo, e que têm vindo a ganhar mais relevo como alvo de estudo - transições ataque/defesa e defesa/ataque...Serão, pela sua especificidade, debatidas noutra ocasião.

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