quarta-feira, 29 de outubro de 2014

PRINCÍPIOS GERAIS E ESPECÍFICOS NO JOGO




No futebol, a relação de cooperação/oposição manifesta-se na realização de ações individuais, de grupo e coletivas, específicas e congruentes com os objetivos e com as finalidades em cada momento do jogo, segundo regras de ação e princípios de gestão bem definidos. Estas regras de ação e princípios de gestão de jogo, são denominados no seu conjunto, e segundo Teodorescu (1984), componentes fundamentais da tática. De acordo com este autor romeno, as componentes fundamentais da tática são:


As Fases: etapas percorridas no desenvolvimento quer do ataque quer da defesa desde o seu início até à sua conclusão.
Os Princípios (gerais e específicos): normas de base segundo as quais os jogadores, individual, em grupo ou coletivamente, devem coordenar a sua atividade durante os desenvolvimentos das fases (defesa e ataque).
Os Fatores: meios que os jogadores utilizam, qualquer que seja a fase de jogo, tendo em conta a aplicação dos respetivos princípios.
As Formas: estruturas organizadoras da atividade durante o jogo e nas diversas fases.
 

Os princípios específicos representam, conforme foi já referido, um conjunto de regras que devem coordenar as ações dos jogadores. A cada um dos 4 princípios específicos do ataque (penetração, cobertura ofensiva, mobilidade e espaço) correspondem outros tantos da defesa (contenção, cobertura defensiva, equilíbrio e concentração) e vice-versa.


Os princípios de jogo são então um conjunto de normas que orientam o jogador na procura das soluções mais eficazes, nas diferentes situações de jogo.


Quando um jogador se encontra na posse da bola, este deverá ter como primeira preocupação ver se existe possibilidade de finalizar (marcar golo) ou espaço livre de progressão para a baliza contrária, respeitando o primeiro princípio de ataque, isto é, a PENETRAÇÃO.


Em resposta à penetração, a equipa que defende deve fechar de imediato a linha de remate ou de progressão para a baliza, colocando um jogador entre o portador da bola e a baliza, criando uma situação de 1x1, cumprindo assim o primeiro princípio da defesa, ou seja, a CONTENÇÃO.


Esta situação de igualdade numérica agora criada, não deixa de envolver um maior risco para a equipa que defende. Assim, esta deve procurar criar superioridade numérica, através da inclusão de um segundo defensor, cumprindo assim o segundo princípio da defesa: a COBERTURA DEFENSIVA.


A equipa que ataca, dado que fica em inferioridade numérica, deve restabelecer o equilíbrio fazendo apelo a um segundo atacante e, respeitando o segundo princípio do ataque, COBERTURA OFENSIVA, tenta criar uma relação de igualdade numérica (2x2).


Esta situação de 2x2 é teoricamente menos vantajosa para o ataque do que a de 1x1. Justifica-se assim que o segundo atacante se afaste do portador da bola de forma a libertá-lo da sobremarcação (cobertura defensiva), procurando reconstituir a situação de 1x1. Caso o segundo defensor não o acompanhe, está então criada uma linha de passe que deve ser utilizada de forma a criar uma situação de 1x0. Este é o princípio da MOBILIDADE.

Entre estas duas alternativas, compete à defesa optar pela menos perigosa. O segundo defensor deve acompanhar o segundo atacante restabelecendo, ainda que em moldes algo frágeis, situações de igualdade numérica (1x1), através do cumprimento do princípio do EQUILÍBRIO.


Podemos verificar, em síntese, que o ataque tem todo o interesse em tornar o jogo mais aberto, com maior amplitude, em largura e profundidade, em criar linhas de passe, de forma a obrigar a defesa a flutuar e a ter maior dificuldade em criar situações de superioridade numérica. Justifica-se por isso aquele que se constitui como o quarto princípio do ataque: ESPAÇO.

Pelo contrário, à defesa compete restringir o espaço disponível para jogar, diminuir a amplitude do ataque, obrigando o adversário a jogar em pequenos espaços, de forma a facilitar a cobertura defensiva e a criação permanente de situações de superioridade numérica. Explica-se desta forma a CONCENTRAÇÃO enquanto quarto princípio de defesa.

Nota Final: Embora não esteja referido no artigo, é unânime o reconhecimento de duas fases fundamentais no sucesso do processo ofensivo e defensivo, e que têm vindo a ganhar mais relevo como alvo de estudo - transições ataque/defesa e defesa/ataque...Serão, pela sua especificidade, debatidas noutra ocasião.

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